A lama que vimos pintar de marrom a paisagem de Brumadinho consiste nos restos que permanecem após um processo cujo nome técnico é “extração e beneficiamento do minério de ferro”. Na mina do Córrego do Feijão, este é o principal metal explorado. A parte economicamente importante do minério de ferro é a hematita (um minério que consistem em 70% ferro e 30% oxigênio – para chegar até ela, você precisa separá-la de outros minerais menor valiosos.
O principal deles é areia – na realidade, o quartzo (SiO2), o mineral que forma a areia. Para descartar o quartzo, o minério de ferro é triturado. Depois, ele é jogado em grandes tanques, onde passa pelo processo de flotação. “Neles, o mineral mais leve (quartzo), flutua em uma espuma e o mais pesado (hematita) afunda”, explica Luis Enrique Sanchez, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
“Como o minério é moído, o rejeito é composto por partículas finas. O tamanho delas varia desde areia fina, que é mais grossa, até argila. E a argila, que é muito fina, na presença de água forma a lama”, completa Sanchez.
Os rejeitos, portanto, saem nessa forma lamacenta. E, uma vez separados do ingrediente principal, a hematita, eles precisam ir para algum lugar. O descarte direto – para um rio, ou para o mar – seria um baita problema ambiental, tanto imediato como de longo prazo.